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  • Foto do escritorCanal Sonho Grande

História da Tesla: Como a Tesla se tornou a maior montadora do mundo

Atualizado: 8 de nov. de 2022

Em Julho de 2020, após as ações crescerem 495% no último ano, a Tesla ultrapassou a Toyota e se tornou a maior montadora de veículos do mundo, com um valor de mercado de +US$200B.


Nesse post, vamos falar sobre como a empresa, que coleciona fans e haters, cresceu e tem mudado o mercado automobilístico para sempre.



A fundação


Em 2003 o mercado automobilístico era totalmente dominado há décadas pelas mesmas empresas, como Toyota, Ford, Chevrolet, entre outras. No final dos anos 90, em função de uma regulamentação do estado da California que obrigava as empresas a produzirem uma pequena parcela de veículos não poluentes, algumas montadoras lançaram modelos de veículos elétricos como o EV1 da GM. No fim, em função da baixíssima demanda os carros foram completamente eliminados do mercado.

Aí entraram Martin Eberhard e Marc Tarpenning, 2 Engenheiros que haviam recentemente vendido a empresa de e-books NuvoMedia por US$187M. A ideia era clara: produzir um carro elétrico esportivo. Aí surge a Tesla Motors, e o primeiro modelo a ser fabricado: O Roadster

No entanto, criar uma empresa automobilística requer muito dinheiro. 1 Ano após fundarem a Tesla, para realmente poderem começar a produzir o Roadster, Martin e Marc precisavam de aportes maiores de capital. Porém, a maior parte das pessoas e fundos contatados achavam loucura tentar entrar no mercado automobilístico – um segmento no qual há décadas nenhuma nova empresa teve sucesso.


Aqui entrou a lenda, o gênio: Elon Musk. Afinal convencer alguém que já investia em foguetes e que pretende colonizar marte que carros elétricos são o futuro da mobilidade mundial, não parece tão difícil assim.

Musk havia fundado o Paypal, que em 2002 foi vendido para o Ebay por US$1,5B. Atraído pela ideia de criar um carro sustentável, Musk investe US$7,5M na Tesla e se tornou o presidente do conselho, com Martin e Marc ainda liderando o dia-a-dia da empresa.

A estratégia era clara e genial:

1. Produzir um veículo esportivo, caro, com altas margens e mostrar ao mundo que um carro elétrico pode ser tão bom quanto ou até melhor que um carro movido a gasolina;

2. Com o dinheiro, produzir um carro premium mais barato, para uso do dia-a-dia;

3. Com o dinheiro, produzir um modelo ainda mais barato, realmente acessível à população.

A primeira aventura


Com aportes de capital e parcerias de desenvolvimento, em 2006 o Roadster foi lançado, custando US$100k. O mundo viu pela primeira vez, o que um veículo elétrico pode ser capaz: de 0 a 100km/h em menos de 4 s e uma autonomia de 350km.

Em 2 semanas, a Tesla vendeu 127 Roadsters, se tornando a primeira startup do setor automobilístico realmente bem-sucedida em décadas.

No entanto, logo a Tesla aprendeu que mais difícil do que desenhar e construir o protótipo de um carro, era de fato fabricá-lo. A entrega dos roadsters vendidos foi prometida para o final de 2007. No entanto, a produção de fato só pôde ser iniciada em março de 2008.

A era Musk


Com uma série de problemas, as tensões entre Musk e os fundadores só cresceram.

Musk removeu Marc e assumiu em 2008 como CEO da Tesla, que já sofria uma série de dificuldades de produção, atrasos consecutivos na entrega dos Roadsters vendidos e salários atrasados.


Musk, que até essa época já havia investido US$70M precisava levantar dinheiro para salvar a Tesla da falência. E o período não poderia ser pior: a crise financeira mundial de 2008.


No fim, Musk precisou investir seus últimos US$20M, levantar US$20M de outros investidores e mais US$50M da Daimler para salvar a Tesla. Ainda, a empresa conseguiu um empréstimo de US$465M do governo americano em um programa para salvar as montadoras de automóveis após a crise.

A recompensa


Passada a quase falência, a Tesla entregou 2450 Roadsters e em 2009 anunciou a próxima peça do seu grande plano: O Model S – um sedan executivo que custaria a partir de US$50k.

Ainda, a Tesla fez seu IPO em 2010, com suas ações sendo negociadas na bolsa de valores a um preço inicial de US$17, levantando US$226M. Foi a primeira montadora de automóveis americana a fazer um IPO desde a Ford, em 1956. Mais capitalizada, a Tesla compra uma antiga fábrica da Toyota em Fremont, California, para começar a produzir seus carros.

Em 2012 – A Tesla oficialmente lançou as primeiras unidades do Model S, que foi eleito o Carro do ano pela principal revista de carros dos Estados Unidos. O model S foi um sucesso e ações da empresa disparam.

A medida que o Model S era produzido, a Tesla já anunciava o Model X – projetado para atender o crescente mercado de SUVs e passou a construir estações de carregamento ao longo dos Estados Unidos.

Até então, as 2 principais etapas da grande estratégia da Tesla estavam cumpridas. A marca já era admirada, os veículos eram extremamente desejados, deixando para trás o estigma negativo dos antigos carros elétricos. Mas os carros produzidos ainda são premium, em uma faixa de preço que apenas uma pequena parcela mais rica da população podia ter acesso.

Para a Tesla poder produzir um carro realmente de massa, ela precisava ganhar muita escala a fim de reduzir drasticamente os custos de produção do principal componente de um carro elétrico: as baterias. Para resolver esse problema, a empresa anunciou a construção da Gigafactory, em Nevada – uma fábrica gigante, que quando completa será a maior do mundo.

Com a Gigafactory em construção, em 2016 a Tesla anunciou seu primeiro modelo verdadeiramente acessível a maior parte da população, o Model 3. O lançamento é um grande sucesso, com mais de 325 mil pedidos antecipados do modelo em apenas 1 semana, excedendo de longe as expectativas de todos.

Com a promessa de entregar os primeiros Model 3 já em 2017, começou o grande desafio da Tesla. A empresa que até então sofria para produzir ~20 mil veículos por trimestre e perde dinheiro mês após mês precisava quintuplicar a produção.


Production hell

Fundada há 14 anos, a Tesla nunca teve um lucro anual. Ao final de 2017, a empresa deveria já estar produzindo o Model 3 em massa. Mas a capacidade de construção de carros da empresa era um desastre.


Uma série de erros na planta de produção, como o excesso de automação de algumas tarefas não permitiam que a empresa desse vazão à quantidade absurda de carros que precisava produzir para cumprir os pedidos que haviam sido feitos.

Além das dificuldades de produção, a empresa continuava perdendo dinheiro como nunca e Elon Musk começava a se envolver em casos que prejudicam a empresa. Por fim, Musk acaba tendo que deixar a cadeira de presidente do conselho da Tesla por 3 anos.

Por fim, a Tesla voltou atrás e passou a utilizar humanos na realização de processos que antes haviam sido automatizados, aumentando a velocidade de produção. Ainda em 2019, a empresa anunciou o model Y, SUV acessível que promete vender ainda mais que o model 3.


O futuro


Com o tempo, a Tesla tem conseguido melhorar cada vez mais a sua capacidade de produzir veículos, atingindo um pico de mais de 100 mil carros produzidos no último trimestre de 2019. A estratégia de evolução da empresa passa por 3 pontos principalmente:


1. Lançamentos de novos modelos

  • Como o lançamento de uma nova versão do Roadster;

  • Cybertruck: pick-up que promete vender muito, especialmente nos Estados Unidos;

  • O caminhão elétrico SEMI que pode revolucionar a indústria de transportes de produtos também;

  • É esperado no futuro um veículo ainda mais barato que o model 3, que consiga penetrar em países em desenvolvimento, como o próprio Brasil.

2. Expansão para outros países

  • China é o maior mercado global de carros elétricos do mundo. Até então, os veículos da Tesla vendidos no país era muito mais caros em função de impostos para importação de veículos dos Estados Unidos. Para contornar esse problema, a empresa anunciou em 2019 a construção de uma gigafactory em Shangai. A fábrica foi construída em menos de 1 ano e já entregou seus primeiros carros em 2020, surpreendendo analistas;

  • Além da China, Tesla também já anunciou a construção de uma Gigafactory em Berlim prevista para entrar em produção em 2021.

3. Evolução do sistema de piloto automático

  • Tesla possui hoje o sistema de veículo autônomo mais avançado dentre as montadoras de veículos. O carro já pode dirigir sozinho em uma série de situações. E a melhor parte para os donos de veículos é que, a medida que o sistema evolui, todos os veículos da Tesla podem ser atualizados, não necessitando comprar um carro totalmente novo.

Embora seja a montadora de veículos mais valiosa do mundo a Tesla ainda fabrica muito menos carros que as montadoras tradicionais. Ford, por exemplo, produziu 15x mais carros que a Tesla em 2019. A GM e a Toyota produziram 21x e 25x mais carros, respectivamente. Essa disparidade entre valor e produção faz com que muitos investidores questionem o valor no qual as ações da Tesla estão sendo negociados.

Por outro lado, olhando o mercado crescente de veículo elétricos, nos EUA, 80% dos carros vendidos foram Teslas. A competição deve ficar mais acirrada. Montadoras tradicionais estão lançando cada vez mais veículos elétricos como o Porsche Taycan, Ford Mustang e o Audi e-Tron.

Será que a competição que está por vir será capaz de atrapalhar o crescimento incrível da Tesla nos últimos anos? O futuro da Tesla realmente justifica o preço ao qual ela sendo negociada hoje?


Isso ainda ninguém sabe. O que se sabe é que, aconteça o que acontecer, a Tesla mudou o mercado automobilístico para sempre.

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